uns cinco anos atrás, me mudei pra perto do trabalho e, nos meus planos mais românticos, daria um check em uma bicicleta usada, na adoção de um gato e a vida se tornaria mais simples. não tinha como dar ruim, tinha?
o problema foi que, mesmo perto do trabalho, ainda eram 15 minutos pedalando e 30 minutos caminhando, às 6:30 da manhã, na variação térmica entre - 2 e 46 graus, no vento norte que arrasta pessoas com menos de 50 quilos e na serração que só é legal quando você é turista em Londres, não um morador do interior do Rio Grande do Sul. além disso, meu prédio ficava na beira de uma rodovia, o vizinho era um posto de combustível falido e, pra ir no mercadinho mais próximo, era preciso calçar um sapato adequado pra não rachar os calcanhares no asfalto fervente. eu não vencia comprar hidratante para os pés!
moral da história: ao invés de andar mais a pé ou com a bicicleta de segunda mão que comprei na primeira semana, usei o carro como nunca e ainda morava longe dos meus amigos. e, por ainda não estar pronta pra ser mãe de pet (talvez nunca esteja), não adotei um gato e a vida só ficou mais “simples” quando fiquei trancafiada em casa por causa do covid.
que sina é ser adulto… tentar simplificar as coisas e acabar deixando tudo mais complicado.
pós pandemia, pós decisão de mudança, pós encontrar algo que se encaixava em alguns dos meus critérios (levou muito tempo, pois quanto mais velha, mais chata criteriosa e nem por isso menos classe média), mudei de casa. já faz quase um ano que estou em outro endereço e as pessoas ainda perguntam “mas não é ruim morar longe do trabalho? quanto tempo tu fica no trânsito? tem que madrugar pra chegar na hora?”.
tenho noção, e agora experiência, de que morar perto do trabalho facilita, sim. afinal, se você não tiver certeza de que apagou a vela pra Nossa Senhora, é muito mais rápido fazer o caminho contrário pra apagar qualquer possibilidade de incêndio. porém, se eu tiver que escolher entre facilitar o trabalho e facilitar o lazer… não tenha dúvida de qual vou escolher.
mas sabe de uma coisa? das tantas coisas que eu sentia falta morando onde morava antes, tinha esquecido da MAIORAL que só me dei conta agora: é muito bom caminhar por um bairro onde não existe uma rodovia no meio!
primeiro, porque dá pra andar de havainas pra cima e pra baixo, e depois, vem todo o resto: sentir o perfume gostoso de alguém que passa ao seu lado, meter aquele flerte sem compromisso, acompanhar as 4 estações do ano no jardim de uma vizinha, suspeitar que alguns empreendimentos são lavagem de dinheiro, evitar contato visual com os Testemunhas de Jeová (às vezes aceitar a pregação com o coração aberto), chegar na esquina bem na hora que a sinaleira abre pra pedestre, achar dinheiro no meio fio (cada vez mais difícil e por isso mais satisfatório quando acontece), dar um sorrisinho quando é uma guria que está logo atrás de ti na calçada, encontrar um poema em uma parede se desmanchando ou em um container cheio de lixo, desviar a tempo de um cocô de cachorro ou de um meia melada por dejetos humanos, passar na padaria depois da academia e comprar quatro cacetinhos (ou pão francês, pão de sal… não sei como você chama na sua cidade, o Brasil é muito diverso), acenar pra um bebê que tá aprendendo a dar tchauzinho, chegar em casa dois segundos antes de cair um temporal… EITA COISA BOA! É BOM DEMAIS!
você já romantizou o seu bairro hoje?
Goodvibes de JULHO
Fui convidada para ser madrinha de casamento com uma dedicatória nessa versão maravilhosa do livro o amor nos tempos do cólera. os não românticos também amam casamento. <3
Participei do curso JOGO DE ESTILOS: EM BUSCA DE UMA ESCRITA PRÓPRIA com a Mariana Salomão Carrara, onde analisamos (e tentamos copiar) os textos da Lygia Fagundes Telles e da Elvira Vigna, autora que conheço pouco, mas já considero PACAS. Fazer curso é uma das partes mais legais de escrever. Aqui deixo um texto que escrevi seguindo o estilo da Elvira Vigna: VOLTINHA
Os dois textos que ficaram rondando na minha cabeça:
Eu nunca gostei de esportes, não torço para nenhum time de futebol, nunca aprendi a jogar vôlei e já me conformei com a ideia de que talvez nunca consiga entrar na piscina com um salto típico de Luana Piovani. Mas assistir as gurias do Brasil arrasando nas Olímpiadas de Paris é o meu novo vício. É muito bom ser brasileira (às vezes).
Badvibes de JULHO
Terminou a greve dos servidores técnico-administrativos federais, voltei pro trabalho 100% presencial e peguei um gripão brabo. Trabalhar baixa a minha imunidade.
Troquei o móvel do banheiro e deu tanta coisa errada que parei de seguir todos os perfis de decoração do Instagram.
Esse mês teve o batizado do meu sobrinho e, como madrinha, fui à missa. Deus que me perdoe (ou não), mas que coisa bem chata! O som era horrível, o padre tinha zero carisma, o sermão foi nada com nada, não tinha um violãozinho pra animar a galera e, se não fosse a fofura do meu afilhado, teria saído de lá na maior depressão.
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
Cem anos de solidão (Gabriel García Márquez) - o pergaminho de uma família que conta a história do mundo.
No meu rolo da câmera rolou essa foto aqui
O que é a VIDA, Gabriela?
dar valor à respiração
só quando o nariz tá entupido.