eu ia escrever sobre as minhas promessas pra 2024. escreveria em listas. eu amo listas. pensaria em coisas óbvias, mas diferentonas. talvez alguém até comentaria: nossa, como tu é engraçada!
mas essas promessas foram trocadas.
trocadas porque me dei conta de que é dezembro e dezembro é o mês do meu aniversário e eu fiz 33 anos, a idade de cristo, quando é impossível não pensar em “olha tudo que jesus fez e eu aqui desse jeito”.
tá, se contar o que esperam de mim seguindo os padrões hétero-branco-classe média, eu até que tô na linha. tenho um trabalho estável, uma casa própria, não tô no serasa (alô alô privilégios) e já sei cuidar de plantas (os pets são os novos filhos, as plantas são os novos pets e a airfryer é o que mesmo?).
tudo na linha e tudo fora da linha.
porque mesmo que eu tenha tudo isso, faça aquilo ou aquele outro, sempre querem mais de mim. que eu pare de ir em festivais, que eu tenha filhos (mas não muitos), que “trate” melhor meu companheiro, que tenha mais ambição, que estude pra um concurso melhor, que faça um mestradodoutoradopósdoutorado, que almoce na sogra todos os domingos, que adore crianças, que adote um pet, que não seja tão reativa, que escreva um livro, que não me ache importante demais, que seja saudável, que diminua uns 10 quilos, que coma carne, que não coma carne, que não seja tão cara de cu, que não seja tão simpática com outros homens, que faça as unhas toda semana, que não gaste muito dinheiro com procedimentos estéticos, que arranque os cabelos brancos, que seja mais natural, que saiba escutar os outros, que não seja tão carrancuda, que não saia pra me divertir sem meu companheiro, que não tenho mais idade (nem corpo) pra usar shortinho/pular carnaval/fazer teatro e que é melhor me acostumar, afinal, só cobram tudo isso de mim porque me amam e querem o meu bem.
mas que bem é esse de que tanto falam? de qual ponto de vista ele vem? qual é o objetivo? me encaixar em mais uma caixinha?
obrigada, mas não vou querer. melhor aceitar que, assim como jesus, eu também não vou agradar todo mundo. nem os fariseus, nem os de esquerda, nem a minha mãe e, principalmente na TPM, nem a mim mesma.
que em 2024 e com os 33+ eu lembre disso todos os dias.
parabéns pra mim e um beijo pra você que me leu nesse ano.
:*
Goodvibes de DEZEMBRO
Terminei mais um semestre de teatro e, pela primeira vez em muito tempo, eu fui a CDF da turma. Eu não sou boa em muitas coisas, mas no palco eu me encontrei.
Em 1998 eu fui daminha de um casamento e no dia 02 de dezembro eu fui na festa de Bodas de Prata desse mesmo casamento. Apesar do noivo ter esquecido de mencionar a noiva no discurso de agradecimento, foi bonito ver que a união deles juntou mais uma vez as mesmas pessoas de 25 anos atrás.
A escritora Solange Cianni participa de um grupo de escrita comigo e o seu livro, O Luto da Baleia, ficou entre os cinco finalistas do Jabuti. Achei muuuito chique (e merecido). Aqui tem uma resenha muito linda sobre o livro (escrita pelo meu outro colega de grupo, o Loivos).
Quando comecei essa newsletter não achei que teria disposição suficiente pra continuar por muito tempo e olha onde cheguei: no ano novo!
Badvibes de DEZEMBRO
O espírito natalino não apareceu por aqui.
As pessoas reclamando que tá muito quente a cada dois segundos (e tá muito quente mesmo, pqp).
Toda vez que cai um temporal de verão por aqui, entra água pela janela da sala. Haja silicone pra tampar todos os buraquinhos invisíveis nos dias de sol.
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
Um garimpeiro, um padre, um médium, um detonador, um guia turístico e eu (Paula Gomes) - em uma cidade que não deixa ninguém ir embora, há muita história boa pra contar.
Deixa eu te falar da noite (Paulo Roberto Farias) - o vício em cheirar calcinhas na lavanderia onde trabalha é seu único pecado.
Diário da Queda (Michel Laub) - traumas que passam de avô para pai, de pai para filho e de filho para neto.
No meu rolo da câmera rolou essa foto aqui
O que é a VIDA, Gabriela?
achar que o Natal do vizinho é sempre mais legal que o seu.
Tenha um bom 33, Gabriela!