uma amiga de infância, hoje mais conhecida do que amiga, postou um storie no instagram sobre alcançar o sucesso não sendo puxa-saco. além da frase compartilhada, acrescentou: “Nós, sagitarianas, não puxamos o saco de ninguém!!!” e eu, sagitariana e adepta ao não puxa-saquismo também, mandei palminhas e respondi “é isso mesmo kkk”.
claro que, mesmo orgulhosa desse meu jeitinho de ser, tenho noção de que minha vida poderia ser ou ter sido mais fácil se eu risse de piadas sem graça ou fizesse elogios falsos para pessoas que poderiam ter alguma influência positiva no meu caminho ao “sucesso”.
talvez teria sido a neta preferida das minhas avós, não teria pego tanta recuperação na escola, teria conseguido entrar no mestrado na faculdade e teria sido promovida (e não excluída das reuniões “importantes”) na empresa onde eu era CLT. porém, detesto fazer esse tipo de coisa e, quanto mais importante a pessoa aparenta ou deseja ser, mais me inclino pro lado contrário ao do puxa-saquismo. que não é ser grossa, mal educada ou inflexível, mas sim, indiferente a toda essa hierarquia de poderes (sejam eles familiares, no grupo do whatsapp do condomínio, na cena literária contemporânea, na hora do almoço do trabalho, etc etc etc).
por causa disso, já me chamaram de rebelde, de cara de cu e até parafrasearam a música da Luka “tô nem aí, tô nem aí” só porque não participei de um evento onde eu era 100% inútil. só quem viveu sabe o quanto foi difícil segurar o riso enquanto a tal pessoa cantava esse hit dos anos 2000:
pra não ter que passar por isso no lado profissional, estudei, fiz concurso e hoje sou servidora pública. fazendo o trabalho com legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, não preciso puxar o saco de ninguém. obviamente conseguiria uma coisinha ou outra se eu fosse “mais querida” com a(s) chefia(s), mas nada que valha a minha paz de espírito, amém.
já no lado pessoal, acho que não custa nada ser um pouco mais legal do que eu realmente sou. principalmente com os avós, que já estão mais pra lá do que pra cá, com meus pais (e sogros), que me fazem empréstimos (sempre a pagar) e ainda me convidam para os almoços grátis de domingo, com os meus amigos, que vejo tão pouco e merecem uma passada de pano eventualmente (sempre) e, por último, com meu companheiro, que recebe um pouco de saco puxado (literal e não literalmente kkk) pra passar creme nos meus pés rachados quase todas as noites.
mas assim: tios escrotos, vizinhas insuportáveis, gente esnobe e pobríssimas de espírito NÃO merecem e NUNCA terão seus sacos apalpados pelas minhas mãos pequenas, que adoram levantar o dedo do meio pra esse tipo de pessoa e ainda fazem um quarteto fantástico com meus olhos sempre revirados.
Goodvibes de ABRIL
Um mês pacato, sem grandes compromissos e com o frio voltando. Pela primeira vez no ano, me sinto descansada.
Junto com o frio e a ausência de compromissos, tenho assistido a muitos filmes bons. Um deles foi NINJABABY, do Mubi, que tem um olhar bem diferente sobre a não-maternidade. Para quem gostou do A pior pessoa do mundo, super indico.
Completei um mês de natação e já me sinto a Maria Lenk, Jenny Thompson, Gertrude Ederle, Dara Torres e Katie Ledecky.
Coloquei um balanço no meu quarto (não tem lugar pra colocar uma rede, infelizmente) e é uma delícia ficar pensando demais nas coisas enquanto me balanço e olho pra fora da janela.
Badvibes de ABRIL
O mercúrio retrógrado (cóf cóf) me fez bater o carro na traseira de outro carro.
Tenho tido muitos pensamentos intrusivos do tipo “e se eu começasse a usar ozempic?”.
Trabalhar fora de casa é ruim porque tenho que lidar com pessoas, trânsito, a conta do restaurante ou com o problema de enjoar das minhas marmitas. Já trabalhar de casa é ruim porque sempre tem louça pra lavar, cabelos no chão para aspirar e o computador pessoal funcionando pior do que uma carroça velha. Acho que temos um problema aqui e ele se chama NÃO VIVER DE RENDAS!!!
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
A boneca de Kokoschka (Afonso Cruz) - um livro dentro de um livro onde todas as histórias se juntam ao mesmo destino final: um músico e uma mulher em um bar.
O almanaque de Fran Lebowitz (Fran Lebowitz) - não existe amor em NY, apenas ironia.
A corneta (Leonora Carrington) - vovós que correm com lobos.
O fim de Eddy (Édouard Louis) - existe coisa mais triste do que uma infância triste?
Lutas e metamorfoses de uma mulher (Édouard Louis) - uma mãe também é uma pessoa.
No meu rolo da câmera rolou essa foto aqui
O que é a VIDA, Gabriela?
rara como um sábado de manhã em casa, onde você toma o café da manhã na companhia das suas plantas e dos seus pensamento intrusivos, sem compromisso com nada e com ninguém.
Quanta identificação com esse, mesmo não sendo aquelas dos signos. Puxar o saco? JAMAIS💪🏽