estou obcecada pelas cinco linguagens do amor. não pelo livro em si, que tentei ler e achei o ó, mas por toda essa teoria em volta do idioma do afeto.
pra quem não sabe, elas são essas aqui:
1 - palavras de afirmação
2 - tempo de qualidade
3 - presentes
4 - gestos de serviço
5 - toque físico
eu não estudei nenhum artigo científico, não li o livro, não sou psicóloga ou tenho qualquer formação que me dê credibilidade pra falar sobre isso, mas através das minhas fontes (vozes da minha cabeça) e auto-observação (por quase 33 anos) posso declarar o seguinte: não encosta em mim, essa não é a minha linguagem do amor.
odeio gente que fala encostando, que pega no meu cabelo, que vem pra cima de mim dando abraço e beijinho. e não, não tô falando do toque de um abusador ou assediador sexual, porque isso é crime e não uma forma de demonstrar afeto, ok? ok.
“meu amor", “minha vida”, “minha flor” também me irritam e posso ficar sem o “eu te amo”, “tô com saudades” e “nossa, como tu é legal”. palavras de afeto não me afetam e confesso que (não contem pra ninguém) prefiro toque pegajoso do que palavras muito açucaradas.
pra tristeza do capitalismo, também não acho que me amam mais ou menos dependendo da presença (e tamanho) do presente de natal, aniversário ou de outra data comemorativa ou não. claro que acho legal quando minha mãe me dá um sonho da padaria ou quando uma colega pensou que a xícara com a frase FUCK OFF tinha tudo a ver comigo, mas não é nada disso que me faz sorrir com os olhos pequeninhos.
eu gosto é que deixem o celular dentro da bolsa enquanto tomamos uma cervejinha no bar, que a tv fique desligada na hora do jantar e que os problemas do trabalho sirvam só pra gente fazer piada sobre chorar no banheiro com o tempo cronometrado. gosto de chegar em casa, depois de trabalhar o dia todo, e o chão estar limpo porque meu amor passou aspirador, que no domingo à noite o horário esteja reservado pra ligar pros meus pais, que nada seja mais importante do que passar o ano novo com meus amigos.
quero ser amada desse jeito e demonstro o meu amor assim: dirigindo por horas e horas pra passar a sexta-feira atirada no tapete da sala de quem mora longe, transito de loja em loja pra achar uma tábua de passar roupa pra minha tia e invento regras brabíssimas pra que o olho no olho nunca deixe de existir nas minhas relações (e refeições).
eu posso dizer eu te amo, não negar um abraço apertado, dar o melhor presente de dia dos pais, mas o meu amor, meu amor mesmo, eu só vou demonstrar através de tempo de qualidade e dos gestos de serviço.
Então, se eu ficar mexendo no celular na hora do nosso almoço ou não topar ir no Correios pra pegar a tua encomenda, tu já sabe: talvez eu não vá com a tua cara…
Goodvibes de SETEMBRO
Fui na Bienal do Livro 2023 no Rio como visitante e voltei sonhando com o dia em que irei como escritora.
Um prestador de serviço me deu uma cesta com um buquê de flor, chocolatinhos, chás e torradinhas com temperos cheios de frescura. Adorei. Agora sim me sinto uma adulta.
Eu sei que essa energia vai passar, mas tô muito animada com as minhas novas obsessões: pintar o apartamento, virar marombeira, a escritora Clara Averbuck.
O meu texto Despedida de um poeta bêbado saiu no portal Jirau de Histórias e eu tô me sentindo muito intelectual.
Badvibes de SETEMBRO
As enchentes no Rio Grande do Sul e todas as tragédias climáticas que estão acontecendo no mundo só me dizem uma coisa: o mundo não vai acabar, quem vai acabar é a gente.
Pagar caro pra fazer QUALQUER COISA no cartório.
Participo de um grupo de whatsapp supostamente progressista e feminista, onde o pessoal vive falando mal de escritoras pelo modo como se vestem. Por que uma mulher talentosa não pode ser ou querer ser sexy? Deixem as gurias em paz!
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
Vamos comprar um poeta (Afonso Cruz) - em um mundo onde só o lucro importa, um poeta prova que dois mais dois não é quatro.
Aprender a falar com as plantas (Marta Orriols) - um luto pelo companheiro que morreu, por uma traição que não deveria ter acontecido, por não ser mais a mulher que deveria ser.
Máquina de Pinbal (Clara Averbuck) - sobre buscar amor e depois, satisfeita, acabar com ele.
No meu rolo da câmera rolou essa foto aqui
O que é a VIDA, Gabriela?
Arrumar um problema,
ficar ansiosa,
procrastinar,
ficar ansiosa mais um pouco,
resolver o problema,
descobrir que ele nem era tão grande assim,
começar tudo de novo.
Minha linguagem do amor também é o tempo de qualidade, e curiosamente vi um reels de uma moça falando sobre isso e dizendo que nossa autosabotagem é o oposto da nossa linguagem de amor, que para mim faz total sentido. Quando quero me detestar, me isolo de todo mundo (para além das minhas buscas por solidão voluntária), e é horrível. Voltei a sair com amigos depois de meses sem querer ver ninguém, e parece que renasci. Amo esses momentos na varanda/sala deles, ouvindo uma musiquinha, jogando conversa fora.
Amei seu texto Despedida de um poeta bêbado S2:
"Olhares que ficaram na sarjeta de um sábado à noite e de um relacionamento trancado a sete chaves de monogamia. Gana por entrar em um trem bala ultrassônico e coragem nenhuma para descer os cinco andares de escada. Tesão em chamas nas partes de baixo e curtidas digitais na tela frígida do celular".