eu desisto.
desisto de livros cabeçudos, livros mal escritos, livros que todo mundo deveria ler mas são chatos. esse ano eu já desisti de dois.
desisto de tentar escutar gente chata, gente que sabe-tudo, gente que só vê problema em tudo. se eu for esse tipo de gente, desista de mim, por favor.
desisto de escrever querendo ser a Clarice Lispector ou qualquer outra autora relevantíssima, desisto de parecer inteligente em conversas que levam ou não a alguma coisa, desisto de dar opiniões cults sobre filmes que só são encontrados no MUBI. A partir de agora, achei bom ou achei ruim serão as minhas críticas sinceras.
desisto de ir a lugares que eu não tô a fim de ir, acreditar que a minha importância é importante e que o meu talento é único. eu sou mais comum do que gostaria de ser, mas desistir de achar o contrário é como comer pão de queijo com doce de leite no meio de uma tarde chuvosa. BÃODEMAIS.
desisto de dizer sim pra tudo que me pedem só pra parecer legalzona. eu nunca serei só legalzona, as pessoas não tem limites para os seus pedidos e muitas vezes o sim que eu digo pra outra pessoa é um não pra mim mesma. chega de distribuir SIM/BORA/CLARO/OK por aqui.
desisto de puxar assunto com quem não me interessa, fingir que me importo com o que eu não me importo ou que estou querendo sair da minha zona de conforto. eu amo o meu trabalho-conforto, minha casa-conforto e minhas ambições-conforto. me deixem ser conformada, eu não quero ser CEO de porra nenhuma.
desisto, desisto, desisto.
e quando não posso desistir, tipo uma reunião chata que eu fui obrigada a participar, finjo que sou uma adulta responsável, escrevo meus textos e não desisto da newsletter desse mês.
de algumas coisas eu não desisto, não. isso é dizer sim pra mim.
Goodvibes de FEVEREIRO
Ano passado eu morri (não pulei carnaval), mas esse ano eu fui FOLIÃ demais.
Ainda no tema carnaval, eu amei amei amei que o samba-enredo da Portela teve como tema Um defeito de Cor. Ganhei esse livro uns quatro anos atrás e me apaixonei. É meu livro preferido da vida e todo mundo deveria ler (não é chato e nem dá vontade de desistir, EU JURO). O único defeito dessa história é eu não ter lido ela antes.
Depois de muitos anos de cólicas e barriga inchada e menstruação de dez dias, eu finalmente tirei o DIU de cobre. Aleluia, irmãos.
É muito ruim estar na sala de espera de um hospital (mesmo que essa sala seja simbólica), mas todo mundo por quem eu estava esperando ficou bem. Nessas horas, qual é o ateu que não reza uma ave maria?
Badvibes de FEVEREIRO
Dizem por aí que a doença do carnaval 2024 se chama macetando. Se é verdade ou não, fui macetada.
Descobri que amo ser tia, mas tive que dizer tchau pros sobrinhos que voltaram pra casa (em outro país) depois de um mês de férias por aqui.
Eu vi um homem cagando no meio da rua. E era dia, e era há uma quadra de um hotel de luxo e era um pouquinho antes de uma cafeteria gourmet cheia de gringos realizados com a cidade maravilhosa. Minha cara ainda arde com o tapa na cara que levei.
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
O Deus das avencas (Daniel Galera) - o caminho até o parto, a morte sendo digitalizada e um futuro onde as coisas só funcionam por meio da cooperação.
Quem matou meu pai (Édouard Louis) - crescer pode nos afastar do passado, mas os traumas que nos criaram nunca deixam de nos acompanhar.
No meu rolo da câmera rolou essa foto aqui
O que é a VIDA, Gabriela?
Fingir ser adulta
entre os carnavais.
Que maravilha de texto!
Eu aqui: "desisto de puxar assunto com quem não me interessa, fingir que me importo com o que eu não me importo ou que estou querendo sair da minha zona de conforto. eu amo o meu trabalho-conforto, minha casa-conforto e minhas ambições-conforto. me deixem ser conformada, eu não quero ser CEO de porra nenhuma.
desisto, desisto, desisto."