não me leve a mal. eu escrevo, sempre escrevi, não consigo dizer mais ou melhor do que quando escrevo, reescrevo, apago e troco as frases de lugar. resolvo problemas, construo realidades, coloco a cabeça no lugar, declaro paixões, termino romances, mas, às vezes, as coisas só se resolvem com “MANDA ÁUDIO”.
calma, eu não me orgulho disso. sempre fui defensora da escrita. talvez por conseguir me expressar melhor escrevendo do que falando (um beijo pra minha dicção de centavos) e também porque fico chorona quando o assunto é treta emocional. quando tento falar, até utilizo a técnica de apertar a língua contra o céu da boca, mas as lágrimas nervosas sempre acabam derretendo a minha máscara de fortona e ficar de cara limpa não é muito gostoso.
só que tá ficando feio (e muitas vezes chato) apelar sempre pro textão ou não conseguir resolver as coisas aceitando a dicção que deus-me-deu ou sem choradeira. afinal, na maior parte do tempo, eu sou uma adulta funcional.
além do mais, tem o problema de como interpreto o tom das mensagens que recebo. ouvi dizer que nós, brasileiros, temos essa “coisa” de se ofender com quem é direto demais. não sei vocês, mas eu tenho a impressão que todo mundo tá gritando ou sendo irônico nas mensagens de whatsapp.
aí, se tu for como eu, vai ler qualquer mensagem com a personalidade do Logan Roy (saudades succession) e o que acontece? responde forçando uma fofurice que não existe ou mandando uma grosseria tremenda e desnecessária. que canseira essa dificuldade de comunicação!
ano passado aconteceu uma situação horrível com uma amiga e nós nos afastamos. depois de um ano, LITERALMENTE, ela me perguntou por que não nos falávamos mais e eu, que tenho medo/preguiça de resolver problemas, pensei em colocar a culpa na correria. mas não dessa vez! tomei as rédeas da minha vida e repeti: eu sou uma adulta funcional (na maioria do tempo) e vou colocar os pingos nos i’s.
tentei escrever uma resposta por algum tempo, mas tive medo de passar o tom errado ou de piorar o que já estava ruim, essa amizade era e é importante pra mim. então sentei no meu cantinho preferido do sofá, aproveitei a endorfina do pós-treino e mandei um áudio de 14 minutos. foi libertador.
claro que, antes de gravar o áudio, escrevi uma pequena pauta pra não esquecer de nada, nem sair do tema, mas disse o que tinha que ser dito, fui sincera, fiz umas piadinhas no meio, não chorei e, PASMEM, após muitos dias de negociação, as coisas se resolveram.
talvez mandar áudio não é a resposta, talvez conversar sobre o elefante rosa neon no meio da sala é o que eu estava precisando.
…
uma breve ressalva:
poderia ter ligado e resolvido mais “adultamente” isso tudo? poderia.
mas PERA LÁ, um passo de cada vez, eu ainda não sou tãããão evoluída assim. a culpa é da minha geração, ok?
a gente (eu), odeia (odeio) falar ao telefone.
Goodvibes de SETEMBRO
Senhoras e senhores, não só lançarei meu primeiro livro, como o lançarei na FLIP! EU TÔ CHIQUERRIMAAAAA, não tô?
A pré-venda está acontecendo no site da Patuá, mas mês que vem eu falo mais sobre isso (hihihi).
Eu adoro viajar, mas cheguei a conclusão que gosto mais ainda de planejar. Em setembro me diverti encaixando horários, comprando passagens, caminhando pelo google maps, fazendo listas para a mala, pesquisando restaurantes, assistindo milhares de vídeos no tiktok e rezando/torcendo/acreditando que tudo vai dar certo para a próxima viagem.
Fui no show do zeca pagodinho e quando a gira girou eu estava ao lado de uma das minhas melhores amigas. “É sobre amizade”, ela disse. Cantamos, gritamos e algumas lágrimas escaparam pra plateia das nossas bochechas. Não entendo de gira, mas tenho certeza que ela passou por lá naquele momento.
Enquanto finalizava esse texto, saiu o resultado do processo de teletrabalho parcial que estava em trâmite e, a partir do mês que vem, começarei a trabalhar três dias por semana em casa. EU DISSE AMÉM, IRMÃOS?
Badvibes de SETEMBRO
A fumaça, o sol laranja, as mãos sempre sujas, o nariz em prantos, a ansiedade climática em ebulição mais uma vez.
A falta de consciência de classe do colega que dedura outros colegas de trabalho.
Obra no meu vizinho e o pó finíssimo que passa pelas frestas da porta.
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
Máquina de leite (Szilvia Molnar) - uma mãe recém-nascida descobrindo como viver depois de parir.
Expiração (Ted Chiang) - distopias que não estão apenas no imaginário.
A árvore mais sozinha do mundo (Mariana Salomão Carrara) - o tempo do fumo não é o tempo da alegria.
Uma mulher (Annie Ernaux) - matar a mãe e reconhecer a pessoa que ela foi atrás do véu da maternidade.
Os abismos (Pilar Quintana) - para a mulher não há outro jeito a não ser se atirar de infinitos abismos.
O que é meu (José Henrique Bortoluci) - uma viagem de caminhão que conta a história recente do Brasil.
Amassando o pão que o diabo me deu (Camila Felix) - café preto com cigarro é uma forma de amar.
Saia da frente do meu sol (Felipe Charbel) - as fotografias de um tio recluso no quarto do esquecimento.
No meu rolo da câmera rolou essa foto aqui
O que é a VIDA, Gabriela?
receber áudios de quem a gente não quer receber áudios.
Parabéns pelo lançamento do livro! 👏
Isso é tão eu!!!!
"(...) me expressar melhor escrevendo do que falando (um beijo pra minha dicção de centavos) e também porque fico chorona quando o assunto é treta emocional".