meu planner novo vem com algumas dicas de autocuidado pra 2024. entre elas tem o "coma o que te faz bem", "beba água", "tome ar fresco", "dê um tempo de tecnologia" e "faça exercícios físicos". ótimo? ótimo. mas e cadê o autocuidado "faça uma fofoca com quem você ama"? Ou com os colegas de trabalho e até com aqueles desconhecidos que esperam o ônibus ao seu lado na parada?
fofocar é muito bom e quanto mais velha eu fico, mais dou valor pra visitar meus pais no interior e sentar na frente de casa pra me atualizar da vida dos vizinhos. quem casou, quem separou, quem trocou de emprego e de onde o Carlos tirou dinheiro pra comprar um perfume de 1000 reais à vista. também quero saber se a fulana aplicou Botox, se é verdade que pegaram fulano na cama com outro fulano e se conseguiram vender a casa do centro que vale 4 milhões.
muda alguma coisa na minha vida saber disso? não muda, mas fofocar aumenta a serotonina (fonte: vozes da minha cabeça) e digo mais: ainda mantenho a conta do Facebook só pra ficar atualizada das mortes da cidade pela página da funerária. é estranho? talvez. mas quem nunca leu os comentários pra ficar sabendo qual foi a causa da morte de algum conhecido/desconhecido que atire a primeira pedra. aposto que não vou construir nem um castelo em miniatura, porque não terei pedras suficientes.
nós, brasileiros (GRAÇAS A DEUS), podemos até ser o povo do carnaval, mas o que somos mesmo é a galera da fofoca. e isso fica claro pelo vício nas redes sociais, na fabricação infinita de memes, nas altas audiências de reality shows e, quando se trata da arte de fazer fofoca no meio do trabalho, não tem pra ninguém: nada é mais gratificante do que fazer fofoca remunerada!
mesmo que você não seja boca de sacola como eu, não há como negar que o que nos une como nação é essa satisfação em achar que sabe um pouquinho mais sobre um grande ou, na maioria da vezes, pequenos eventos da vida. além disso, vocês não concordam que fazer comentários, dar opiniões não solicitadas, repassar informações e, no fim das contas, perguntar “quem sou eu para julgar?”, nos torna um pouquinho mais humanos e mais resistentes pra aguentar viver nesse Planeta salve-se quem puder Terra?
Goodvibes de JANEIRO
Eu não tive férias, mas todo mundo do trabalho teve. Escritório vazio, oficina da paz terrível.
Os meus sobrinhos emprestados estão passando férias aqui e as dúvidas sobre não querer ser mãe foram aniquiladas.
Como boa fofoqueira que sou, amei a série documental Vale o Escrito - A guerra do Jogo do Bicho (Globoplay). Tem irmãs gêmeas que se odeiam, brigas por herança, relacionamentos por interesse, crimes sem precedentes e muuuuitas outras tretas que envolvem até o carnaval do RJ.
Adquiri minha própria pistola de cola quente e baixei o app da shopee pra montar muitas fantasias baratinhas. Carnaval, ME SINTO PRONTA!
Badvibes de JANEIRO
Ler esse tipo de mensagem no grupo do condomínio me faz lembrar o quanto a cultura escravocrata ainda circula nas veias do nosso país:
Quando se chega nos 30+, não dá nem pra se emocionar muito dançando É O Tchan que a lombar já dá mau jeito.
El ninõ, el aquecimento global, el mundo se acabando em meio aos temporais de verão.
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
Dia um (Thiago Camelo) - a queda de um irmão mais velho e a altura da dor que essa família alcançou.
Uma, duas (Eliane Brum) - uma mãe, uma filha e uma relação que só gera traumas.
Como se fosse um monstro (Fabiane Guimarães) - a gestação de muitos filhos que nunca foram dela.
Não fossem as sílabas do sábado (Mariana Salomão Carrara) - ainda há jeito de sobreviver quando alguém cai e leva o outro junto?
As despedidas (Carina Bacelar): não se diz adeus apenas pra quem está indo embora.
No meu rolo da câmera rolou essa foto aqui
O que é a VIDA, Gabriela?
comprar uma agenda pro novo ano,
fazer metas,
recalcular planos e, no fim dos 365 dias,
queimar todas as promessas.
"nada é mais gratificante do que fazer fofoca remunerada!". Amo! hahaha