dói ser feliz.
dói no estômago morno, na boca que seca, no cabelo que embranquece.
os olhos se enchem de água, o nariz escorre, o pescoço fica cheio de pintinhas vermelhas e ninguém fala sobre essa dor, essa alergia à alegria.
no meio de uma piada interna boba, no gole de um café em um dia frio, no cafuné recebido na cabeça enquanto assiste a um reality show, você para e se dá conta: tudo isso vai acabar.
quando? como? por que?
isso você não sabe, mas a certeza você já tem.
um acidente, um desgoverno, uma TPM, uma mensagem não visualizada, um “precisamos conversar”, um resultado de exame, um dia que a umidade escorre pela parede e BUUUM: a alegria vai embora e você já não sabe mais se valeu a pena ter experimentando esse contentamento pra depois sofrer de saudade.
é tipo ser rico e ficar pobre.
imagina nascer numa cobertura, comer bisnaguinha com nutella na infância, viajar pra disney na pré-adolescência e seu pai falir antes de pagar a sua faculdade de medicina? deve doer muito mais do que dói na gente, pobres de berço, pegar ônibus abafado pelo hálito de quem nunca foi herdeiro.
pode ser drama, exagero, trauma.
pode ser que eu sofra de QUEROFOBIA e que deveria fazer terapia, mas eu não quero solução. quero reclamar e sofrer e quem sabe encontrar outras pessoas que, assim como eu, não têm paz nem quando estão felizes. porque tudo isso…
tudo isso vai acabar.
Goodvibes de JUNHO
Voltar de uma viagem de férias e ainda ter férias pra descansar (e lavar roupa, e limpar a casa, e preparar as marmitas para as não-férias).
Tenho uma amiga cantora e ela lançou esta música gostosinha demais:
Empanadas e medialunas argentinas, comidas de festa junina, bolos de aniversário… nunca são demais.
Completei dois anos de união estável e só lembrei uma semana depois (pelo google fotos do meu companheiro). Pra algumas pessoas isso seria o fim do mundo, mas pra gente é só mais uma piada de como somos desapegados às datas comemorativas.
Badvibes de JUNHO
Sentir dor de cabeça e a Neosaldina ter acabado.
O que é a inflação no preço do corte de cabelo????
A indicação do Zanin pro STF. QUE TRIS-TRE-ZA.
Deitei na rede e vim de LEITURINHA
O luto da baleia (Solange Cianni) - uma mãe correnteza e um filho que não conseguiu continuar nadando.
Palabra ¡maldita sea! (Dio Santanna) - poemas que se beijam entre as línguas do Brasil e do Uruguai.
Pança de burro (Andrea Abreu) - nem sempre a amizade entre duas meninas é inocente, bonita ou feliz.
Meu ano de descanso e relaxamento (Ottessa Moshfegh) - por um ano ela quis ser a bela adormecida, a base de remédios, em uma Nova York zero romantizada e sem príncipe encantado. Amei, amei, amei.
No meu rolo da câmera rolou essa foto
O que é a VIDA, Gabriela?
Buscar a felicidade
fugindo da ansiedade
de ser feliz.